sábado, 5 de dezembro de 2009

A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ON-LINE NO PROGRAMA DOS CURSOS PROFISSIONAIS

Neste “post”, vou tentar identificar que ajuda posso obter dos dois recursos on-line – blogues e “wikis” – durante o cumprimento do programa modular de inglês para os 10º e 11º anos dos cursos profissionais.

1 - A Utilização de Blogues nas minhas Turmas:

A utilização de blogues nas minhas duas turmas de ensino profissional da Escola Secundária de Rio Maior, afigura-se-me exequível.

No meu 10º ano de Apoio Psicossocial, a utilização de blogues poderá dinamizar as performances dos alunos e potenciar as pesquisas úteis aos três módulos e domínios de referência tratados.

O primeiro módulo, "The Professional World and Me", poderá induzir os alunos a pesquisar profissões antigas e actuais, a compará-las e a dissertar sobre o que pensam ser no futuro. Uma boa via para a criação de um blogue interessante, que será enriquecido com a matéria do segundo módulo: "A Plurilingual World". Aqui poderá existir uma multidisciplinaridade com outras línguas que eles aprendam, enriquecendo o blogue com pequenos textos traduzidos em inglês e nessas línguas. O enriquecimento do blogue com imagens dos respectivos países falantes das línguas que eles aprendem, será outra tarefa importante. Devo aqui dizer, que este segundo módulo serviu de base ao projecto que realizei em parceria com a colega Odete Pontinha, no âmbito da tarefa 1 da actividade 4 desta acção de formação.

Finalmente o terceiro módulo, "The Technological World", fornecerá certamente muito material de enriquecimento do blogue, tanto a nível escrito como visual.

No meu 11º ano de Mecatrónica Automóvel, também se me afigura exequível a construção de um blogue. Aqui, devido às características peculiares dos elementos desta turma (só rapazes entre os 16 e os 18 anos, super-activos e irreverentes), eu penso que poderei ter, numa escala muitíssimo pequena, alguma tentativa de “bullying” ou algum problema semelhante, que, porém, poderá ser facilmente sanado.
Eis o que, quanto a mim, poderá ser feito neste nível de ensino, no respeitante à criação de um blogue ou de um "wiki":

O primeiro módulo a leccionar no 11º ano, equivalente ao quarto módulo do curso, é The Media and Global Communication". Aqui, os alunos poderão pesquisar uma notícia, fornecida por um "Quality Newspaper" e compará-la com outra versão da mesma notícia, mas fornecida por um "Popular Newspaper". Depois de encontrarem as diferenças principais, poderão sistematizá-las no blogue. Quanto aos meios de comunicação em suporte audiovisual, os alunos poderão, eles próprios, tentar realizar um pequeno "telejornal" em inglês, uma espécie de "Speaker's Corner", com acontecimentos da escola ou da comunidade, filmando-os em suporte vídeo, que depois seria transferido para o blogue. Em alternativa ao blogue, também seria interessante criar, para este módulo, um “wiki”.

A actividade para o quinto módulo do curso, "Young People and Globalization", seria a procura de situações negativas na comunidade, criadas pela globalização. Uma hipótese possível para enriquecer um blogue: pesquisar fotografias antigas e compará-las com fotografias actuais das mesmas zonas, comentando em inglês as diferenças encontradas.

Para o sexto módulo do curso, " The World around You", o último a ser leccionado neste nível de ensino, os alunos pesquisariam situações flagrantes de desrespeito ambiental, comentando-as em inglês e apresentando soluções.

2 - Conclusão:

Para concluir esta pequena reflexão e tentando ainda aferir das vantagens e desvantagens das ferramentas on-line no ensino das línguas estrangeiras, neste caso específico do inglês, chego à conclusão que tanto blogues como “wikis” nos poderão dar uma ajuda preciosa, tanto na motivação dos alunos, como na construção da sua autonomia e espírito crítico. Porém, as pesquisas feitas pelos alunos para a criação ou desenvolvimento de um blogue ou de um “wiki”, podem gerar dúvidas, que os alunos podem não possuir a autonomia suficiente para dissipar. Aí deverá então entrar o professor para gerir a dúvida, deixando contudo a sua resolução, na medida do possível, nas mãos dos alunos, nunca esquecendo que "Doubt is the beginning, not the end of wisdom".


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

EXISTEM LIMITAÇÕES NA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ON-LINE?







1 - Introdução:

Antes de tentar responder à questão que serve de título a este "post", entendi dar a conhecer a realidade das turmas que possuo:


No presente ano lectivo, as turmas que lecciono, podem ser divididas em dois grupos: O primeiro grupo é constituído por duas turmas de ensino profissional, sendo uma turma de 10º ano (Curso Profissional de Apoio Psicossocial) e outra de 11º ano (Curso Profissional de Mecatrónica Automóvel). O segundo grupo é constituído por três turmas EFA (duas de nível B3 e uma de nível secundário), leccionadas no Estabelecimento Prisional de Alcoentre.


Será agora mais fácil expor o meu ponto de vista: Nas duas turmas do grupo que eu denominei como "primeiro grupo", não existem dificuldades em pôr em prática as ferramentas on-line, que são o motivo da presente acção de formação. Porém, nas turmas do grupo por mim denominado como "segundo grupo", a situação passa a ser diversa, como mais tarde passarei a descrever.



2 - A Utilização dos Recursos on-line nas turmas "regulares":

Nas turmas do ensino secundário regular, torna-se relativamente fácil a utilização de qualquer ferramenta on-line, sendo as dificuldades, ou melhor, os problemas, a existirem, advenientes de causas exteriores aos respectivos sistemas. Tentarei agora falar de cada ferramenta, tendo sempre como padrão as minhas duas turmas de cursos profissionais:

  • BLOGUE: A utilização dos blogues nestas turmas é fácil, bastando, para tal, dar as instruções aos alunos sobre a tarefa a realizar e fazer a motivação necessária, que poderá ser um "warm up" feito com a ajuda de "PowerPoint" .

  • WIKI: Tal como acontece com os blogues, a utilização de "wikis", nestas turmas afigura-se-me totalmente pacífica, no que concerne à ferramenta em si. A diferença com os blogues reside apenas na adequação à tarefa proposta. Os "wikis" são textos colaborativos, apresentando, quanto a mim, a única desvantagem de possuírem uma utilização sensivelmente mais complicada e menos intuitiva do que os blogues.

  • E-PORTFÓLIO: Eu não classificaria os e-portfólios como uma ferramenta ao nível das duas anteriores, mas sim, como um dos resultados que podem ser atingidos com elas. Quanto a mim, os e-portfólios vão muito além do âmbito da disciplina que lecciono, ou mesmo de todas as disciplinas que constituem o currículo dos alunos. Um e-portfólio deve conter todos os elementos de interesse no percurso escolar e profissional do indivíduo, ou seja, é um instrumento transversal à sua vida. Posso porém dizer, que embora multidisciplinar, um e-portfólio poderia ser iniciado nas minhas aulas, em qualquer das duas turmas.
Falando agora dos possíveis problemas inerentes a causas exteriores aos recursos, tal como atrás aludi, passarei a referir aqueles, que eu eventualmente poderei encontrar nas minhas duas turmas consideradas. O primeiro destes problemas poderá ser causado ou potenciado pelos próprios elementos das turmas:

A possível falha momentânea de algum aparelho necessário ao sistema, o que, aliás, é problema recorrente, pelo menos, na nossa escola, causará sempre bastante agitação entre os alunos, nomeadamente em certas turmas de cursos profissionais. Possuo uma certa experiência dessa situação de agitação, nomeadamente na minha turma de 11º ano (Curso de Mecatrónica Automóvel). A causa dessa falha prende-se sempre com a enorme precaridade do serviço de internet de que dispomos.

Outro grande problema, e este não poderá ser resolvido pelo professor, prende-se com a falta de computadores, que é crónica em quase todas as escolas públicas do nosso país (e de vários outros países, cujas escolas conheço, por terem sido nossas parceiras em projectos europeus). Para se trabalhar em condições, deveria haver, pelo menos, um computador por cada dois alunos.

O terceiro problema que encontro, tem a ver com a possível falta de controlo, que o professor pode ter sobre os vários elementos da turma. Enquanto o professor dá apoio a um ou dois alunos, poderá haver outros dois alunos, noutro ponto da sala, a utilizar os recursos on-line postos à sua disposição, mas para fins meramente lúdicos ou outros. Este problema é real, nomeadamente numa turma de cursos profissionais, com alunos com problemas de motivação.

Também sei que estes problemas poderão ser evitados, na medida em que a criação de blogues ou de "wikis" pode e deve ser feita fora do âmbito da sala de aula. Finalmente o problema do "bullying" já foi tratado noutro "post", pelo que não irei reiterar essa matéria.

3 - A Utilização dos Recursos on-line noutras Situações de Ensino-Aprendizagem:

Vou agora falar de outra realidade, que ajudará a responder à questão que constitui o título deste "post":
Na minha realidade de ensino-aprendizagem do presente ano lectivo, as turmas que lecciono no Estabelecimento Prisional de Alcoentre, constituem, para mim, a maior limitação à utilização dos recursos on-line, que são o motivo desta acção de formação. Neste caso, em que é expressamente proibida a utilização da internet, para a qual, aliás, não existe sinal dentro do estabelecimento nem nas suas imediações, torna-se imediatamente impossível a realização de qualquer projecto, que inclua a criação de blogues ou de "wikis". Então, só será possível a realização de projectos com computadores, utilizando periféricos, como sejam "pens", disquetes, CD-R's ou DVD's.

4 - Conclusão:

Reiterando a ideia do meu colega e amigo Pedro Neto, embora talvez de forma um pouco mais moderada, também acho que devemos dosear a utilização dos recursos on-line. Os alunos não podem descurar a criatividade da escrita manual, o desenvolvimento da caligrafia, o desenvolvimento da actividade mental, através do papel e do lápis ou da esferográfica. Os recursos on-line deverão ser uma ferramenta adicional e nunca uma ferramenta substituta.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

COMO EU CONHECI A EUROPA DE LESTE

1 - Introdução:

Eu não poderia deixar passar a data de 9 de Novembro, o 20º aniversário da queda do muro de Berlim, sem partilhar convosco a minha experiência vivida nos países de Leste em 1981, isto é, oito anos antes da grande mudança, ou tal como dizem os alemães, "vor der Wende" :

2 - De Lisboa (Santa Apolónia) a Warszawa (Centralna):

Nesse já distante ano, sendo eu estudante na Faculdade de Letras de Lisboa e frequentador dos cursos livres de Russo e Polaco, ganhei uma "Bolsa de Verão" (algo semelhante ao actual "Erasmus"), para estudar língua e cultura polaca na Universidade de Varsóvia. O curso iria durar de Junho a Outubro de 1981 e logo que fiquei despachado do ano lectivo em Lisboa, rumei a Varsóvia. A minha opção foi o caminho de ferro, pelo que tive umas belas 56 horas de viagem em dois comboios rápidos, mas clássicos, pois nessa época o TGV estava ainda a dar os primeiros passos em França. Fiz então o trajecto Lisboa - Paris no comboio luso-francês "Sud Express" e, depois de cinco horas em Paris, apanhei o comboio franco-polaco "Chopin Express", para fazer o trajecto Paris - Varsóvia.

3 - Assim me lembro da Polónia, de Varsóvia, dos polacos e da sua língua:

A minha estada em Varsóvia foi inesquecível, dividindo o meu tempo entre as aulas de língua e cultura polaca para estrangeiros, ministradas na Faculdade de Letras de Varsóvia e passeios pela cidade. Foi-me destinado o alojamento no velho hotel "Dom Chlopa" (Casa do Camponês), transformado em pousada da juventude, em vez de sofrer o camartelo da demolição, como seria em Lisboa, por exemplo.

A capital polaca, que foi totalmente destruída pelo exército nazi em 1939, é agora uma grande cidade de aspecto monótono, com amplas avenidas e blocos de arranha-céus de cerca de vinte pisos, todos praticamente iguais, separados por amplos espaços verdes. A cidade é atravessada pelo rio Vístula. A rede viária é totalmente ortogonal excepto no centro histórico (reconstruído à imagem e semelhança do antes da guerra), portanto não tem nada de semelhante com a nossa bela capital. As duas artérias mais importantes, a avenida Marszalkowska e a avenida Jeruzolimska, cruzam-se no centro da cidade, na zona de Nowy Swiat (Novo Mundo). O trânsito é extremamente disciplinado, possuíndo a cidade uma fabulosa rede de eléctricos modernos (metros de superfície), complementada por uma boa rede de autocarros. Uma linha de metro convencional (subterrâneo) estava já em construção.

Os polacos são alegres e hospitaleiros, aliás, como qualquer povo eslavo. A língua polaca é a mais complicada das línguas eslavas, bastante mais difícil do que o russo, embora utilizando o nosso alfabeto. O polaco mantém traços intactos do indo-europeu, nomeadamente na complicadíssima flexão verbal e nas três declinações com sete casos cada e muitas irregularidades. A pronúncia, cheia de sons palatais e vogais nasais (é a única língua eslava com sons nasais), assemelha-se ao português. Fora das aulas eu optava por falar russo, embora isso me custasse algum gozo nas lojas: "To jezt Iwan!" (Ali está um Ivan!), era o que alguns diziam, quando ouviam alguém a falar russo, considerada a língua do país opressor. Devido à existência de "false friends" entre ambas as línguas, protagonizei involuntariamente uma cena hilariante numa loja de discos em plena Baixa de Varsóvia. Confesso, que não ganhei para a vergonha! A moeda era (e ainda é) o Zloty. Quis-me parecer, que o poder de compra estava adequado ao baixo preço dos produtos. A economia era planificada e tudo era bastante burocratizado. Havia lojas com prateleiras quase vazias ou com uma pequena variedade de produtos. Um LP de vinil com música polaca custava o equivalente a 19 escudos (cerca de 10 cêntimos); adquiri um projector de cinema (super 8) pelo equivalente a 1300 escudos (cerca de 6,50 euros); eu costumava jantar num restaurante de luxo, frequentado por pessoas do aparelho do estado e por estrangeiros do chamado mundo ocidental. Um bom bife com batatas fritas custava 80 escudos (cerca de 40 cêntimos). Eu costumava deixar outro tanto de gorgeta!

Porém, comecei a pensar nesta questão: Seria melhor um país do ocidente, como Portugal, com uma grande sociedade de consumo e economia livre, mas pouco poder de compra, ou um país de leste, como a Polónia, com uma sociedade de economia planificada, mas onde a população podia usufruír dos bens essenciais, duma óptima segurança social, óptimos transportes, direito à saúde grátis, etc.? Ainda hoje penso na resposta.

O nosso curso terminou em meados de Setembro e tivemos cerca de dez dias para viajar e conhecer o resto do país. Fomos a Gdansk (antiga Dantzig), cuja disputa entre a Polónia e a Alemanha foi a gota de água que iniciou a Segunda Guerra Mundial, fomos a Czestochowa, cidade onde, tal como em Fátima, terá surgido a Virgem e viajámos até Oszwieszcim (antiga Auschwitz), palco principal do extermínio de milhões de judeus.



Varsóvia: PALAC KULTURY
(Palácio da Cultura)

4 - Berlim com o muro:

No meu regresso, resolvi viajar via Berlim, onde vivem amigos meus, que me esperavam. Apanhei o comboio da noite, Varsóvia - Berlim (Leste), tendo lá chegado cerca das 9 horas da manhã. Orgulho-me de ter conhecido Berlim com o muro.

Atravessada pelo rio Spree, Berlim é uma cidade enorme (cerca do triplo de Lisboa). Dois terços da cidade faziam parte do ocidente, com as grandes áreas urbanas de Zoogarten e Charlottenburg e um terço de Berlim pertencia ao leste, com as grandes zonas urbanas de Pankow e Köpenick. Uma grande avenida, Unter den Linden, rasga a capital alemã no sentido Leste-Oeste. Porém, em 1981, essa avenida, como muitas outras, era interrompida pelo muro exactamente no centro da cidade: Brandenburger Tor. O conhecido monumento, bem como o "Reichstag" (Parlamento) e o Hotel Adlon, onde Hitler manteve conversações com os primeiros-ministros do Reino Unido e da França, respectivamente Chamberlain e Daladier, até vésperas do início da guerra, situavam-se a leste do muro. Grandes cartazes metálicos avisavam nas imediações: " Achtung: Sie verlassen den West-Sektor!" (Atenção: Está a abandonar o sector ocidental!). Porém, para nós estrangeiros, a passagem era feita com poucas dificuldades, através da fronteira urbana de Friederichstrasse, por onde também passavam os comboios suburbanos e os transportes urbanos de superfície. Os passageiros tinham que descer, mostrar a documentação e apanhar outro transporte semelhante do lado de lá, para continuar viagem até ao destino. O metro subterrâneo tinha as estações encerradas no sector oriental e os automóveis só podiam passar através de dois "checkpoints", cujo mais conhecido passou a ser o "Checkpoint Charlie". A fronteira urbana só podia ser atravessada duas vezes por dia. À terceira tínhamos de pagar uma taxa de 3 marcos. Poucos alemães tinham autorização de passagem.

5 - Berlim no ano 2000:

No ano 2000 regressei a Berlim e recordei com nostalgia os tempos de 1981. Encontrei então uma Berlim completamente diferente, uma capital enorme, em transformação, repleta de obras nas zonas por onde passava o muro. Imensas dessas obras estavam a cargo da empresa portuguesa Mota-Engil. O imenso comércio, as inúmeras actividades culturais, uma excelente rede de transportes, uma população jovem e afável, orgulhosa da sua capital, que, em certas zonas possui uma intensa vida nocturna, fazem de Berlim uma capital onde apetece nascer, viver e morrer.



Berlim: BRANDENBURGER TOR
(Porta de Brandenburgo)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Uso de Blogues nas Aulas de Inglês

1 - Introdução:


O recurso a esta nova ferramenta no ensino-aprendizagem do inglês, aliás, de qualquer outra língua estrangeira, afigura-se-me de grande importância. Pelo que já li, posso chegar à conclusão de que, a utilização dos blogues nesta situação, pode revolucionar as nossas aulas.
As aulas clássicas de inglês são geralmente dadas com o auxílio de um manual, cujos textos estão relacionados com os domínios de referência a tratar. Por vezes também utilizamos um leitor de CD's. Os vários assuntos são discutidos ou debatidos numa interacção professor / aluno ou aluno / aluno. Penso, porém, que a utilização de blogues possa criar novas sinergias no processo de ensino-aprendizagem.


2 - As Vantagens:


Nesta minha reflexão, eu poderia começar por falar de qualquer vantagem na criação de blogues, como ferramenta de ensino-aprendizagem, pois que, em minha opinião, qualquer uma delas tem uma enorme importância e a todas elas me referirei mais tarde.


Os nossos alunos, em parte por culpa nossa, não se habituaram a tomar notas, actividade importante para a realização de certos exercícios dedicados a testar o poder de síntese. Alguns desses exercícios fazem parte dos exames nacionais do 12º ano. Ora, a elaboração dum "post" para um blogue exigirá, em princípio, uma pesquisa dos assuntos e uma tomada de notas, que irá desenvolvendo progressivamente o poder de síntese dos alunos. Estes aprenderão também a avaliar e a aferir da importância de cada fonte de informação on-line, isto é, irão começar a discernir o que é importante do que é acessório. Todos sabemos que a maioria dos nossos estudantes não sabe fazer essa separação, tão importante quando têm que estudar, recorrendo aos respectivos manuais. Outra ferramenta útil para o efeito poderá ser aqui incluída: o PowerPoint.


Além da capacidade de síntese, várias outras capacidades poderão ser desenvolvidas com a prática de "blogging". Destas, salientarei de imediato a capacidade de "escrever": o aluno irá desenvolver a sua capacidade de escrita, porque terá de produzir textos para enriquecer o blogue. Outra capacidade a desenvolver de imediato, será a capacidade de "ler": mais do que ler o que produz, o aluno ver-se-á obrigado a ler o que os outros estudantes produzem. Neste exercício, também se desenvolve a capacidade de pensamento crítico: o aluno responde e critica os blogues dos colegas, enquanto que o seu blogue também é criticado por eles (logicamente o professor também fará os seus comentários). O fomentar desta interacção é também deveras importante, numa altura em que se critica o forte individualismo das camadas mais jovens. Aqui pode surgir uma oportunidade para um bom exercício de cidadania e democracia. Cada um passará a aprender e respeitar o ponto de vista do outro, não descurando contudo a aprendizagem do respeito pela propriedade individual, na boa acepção da expressão, visto que um blogue é algo pessoal. Por outro lado, o comentário ou a simples crítica construtiva a um blogue confere um feedback sempre motivador para o seu autor. Também é motivador para o estudante, saber que a audiência do seu blogue ultrapassa bastante o âmbito da audiência da sala de aula. O blogue poderá ser visto, lido e avaliado por qualquer pessoa estranha ao ambiente restrito duma sala de aula.


Tal como o blogue ultrapassa o ambiente da sala de aula, também não será menos verdade dizer, que o blogue ultrapassa o âmbito duma disciplina, podendo congregar várias matérias. Por exemplo, num blogue feito para o tema "The English Speaking World", podem figurar "posts" com textos que exemplifiquem as várias variantes do inglês. Para a disciplina de Geografia, o mesmo blogue pode conter materiais sobre cada um dos países de língua inglesa considerados. Cada um desses países tem factos históricos, que poderão servir de base à elaboração de "posts" para a disciplina de História. Isto deve ser tomado meramente como um exemplo, de como a utilização dos blogues poderá fomentar a integração de várias disciplinas, isto é, a multidisciplinariedade. Este facto fará com que os estudantes se habituem a organizar e a hierarquizar as suas próprias aprendizagens. Este será também um óptimo exercício de autonomia e auto-confiança na aprendizagem: O estudante tenderá a ganhar cada vez maior autonomia, visto que o professor será cada vez mais um orientador, que, de "veículo" transmissor de conhecimentos, passará a ser agora o elemento que ensina o aluno a pesquisar as matérias necessárias à abordagem dos respectivos temas: "Give a man fish and you feed him for a day; Teach a man to fish and you feed him for a lifetime". Por outro lado e parafraseando o texto de Kathleen Pinkman, o estudante irá progressivamente aprendendo a aprender. Isso dar-lhe-á uma progressiva auto-confiança.


A grande maioria dos estudantes dedicam poucas ou nenhumas horas de estudo para além das aulas. As matérias são muitas e os programas são extensos e rígidos, de cumprimento obrigatório por parte dos professores. Poderíamos dizer, que este quadro é a negação da, por vezes, tão apregoada autonomia. A acrescentar a tudo isto, os professores têm uma certa dificuldade em manter os alunos interessados no estudo das várias matérias, para além do âmbito dos 90 minutos da aula. Esta preocupação poderá também ser diminuída ou mesmo dissipada com o "blogging". É sabido que os jovens gostam de computadores. Ora, a sua utilização gera uma grande apetência para a aprendizagem fora das aulas e um exemplo duma boa utilização deste importante recurso é a criação de blogues. Deste modo os professores criarão situações de aprendizagem motivadoras para além das aulas. Os alunos poderão utilizar uma das suas ferramentas preferidas, para a sua própria aprendizagem e simultaneamente para o desenvolvimento das várias capacidades já referidas. Eles poderão aprender, revendo as matérias que vão pesquisando, reflectindo sobre o que vão introduzindo no blogue, comentando e questionando os blogues dos colegas e comunicando com eles.


Uma hipótese que se me afigura interessante, é a ligação dos vários blogues dos alunos duma turma, numa plataforma, algo semelhante ao que estamos a utilizar nesta acção de formação. Uma mini-blogosfera, à medida da nossa turma.


E já que falei de blogosfera, cabe-me aqui referir outra vantagem do "blogging", esta mais dirigida aos professores: A criação dos chamados "Edublogs", uma autêntica blogosfera, um fórum dedicado à partilha de problemas e troca de ideias relacionadas com a educação.


3 - As Desvantagens:


Quanto a mim e de acordo com um dos textos que li, o problema do "bullying" poderá ter contornos graves e pode ser potenciado pela utilização de blogues por parte dos alunos, embora não seja, logicamente, o "bullying" a sua finalidade. Nesse caso, o professor deverá tomar as medidas imediatas e promover, por exemplo, um debate sobre democracia e cidadania. O próprio blogue poderá então servir de mesa-redonda, ou de uma espécie de ponto de tertúlia para essa discussão.


Outra desvantagem da utilização de blogues prender-se-á com uma questão de tempo: Como já tive oportunidade de dizer, os professores sentem-se totalmente limitados na gestão do tempo necessário ao cumprimento obrigatório (e sem autonomia) dos vários programas. Restará pois pouco tempo extra, para preparar os alunos para a criação de blogues e ensiná-los a aprender autonomamente e a adquirir progressivamente a necessária auto-confiança.


4 - Conclusão:


Para concluír esta pequena reflexão vou tentar agora comparar as vantagens e desvantagens do blogue no ensino do inglês, com outras duas ferramentas multimédia, que também utilizo para o mesmo fim:
PowerPoint: Uma apresentação de PowerPoint numa aula de inglês pode ser útil e é sempre interessante. Porém o blogue permite, a meu ver, uma maior interacção aluno / aluno. O PowerPoint é útil para a introdução de um tema definido e pode, isso sim, servir de "warm-up" à criação de um blogue.
DVD: Em várias situações tenho criado pequenos filmes em suporte DVD para serem utilizados nas minhas aulas. A imagem dinâmica oferecida pelo pequeno documentário cinematográfico, em conjunto com uma explicação simples e música de fundo adequada, tem a vantagem de captar a atenção dos alunos para certos temas. Mas, até aqui, o blogue pode ser vantajoso: permite a introdução de imagens dinâmicas e permite a interacção atrás referida. Além disso, o recurso "blogue" está livre de outro problema, que ainda faz perder muito tempo: A incompatibilidade que actualmente ainda existe entre os aparelhos necessários a uma projecção de DVD. As projecções ficam comprometidas, sempre que um computador não seja compatível com um vídeoprojector, ou um leitor de DVD com um televisor.


domingo, 1 de novembro de 2009

As Marcas dos Produtos da Minha Infância

Tal como já vos falei das tabernas da Lisboa dos bons velhos tempos, vou agora falar-vos um pouco das marcas que povoavam o nosso "mundo" nos idos anos 60 do século passado:
Os Produtos Alimentares e os Produtos de Higiene:

Recordo-me que a alimentação era bem mais saudável e natural do que na actualidade. Na maioria dos casos a leiteira e o padeiro entregavam os respectivos produtos à nossa porta e, por vezes, o marçano entregava uma profusão de produtos da mercearia mais próxima. Não existiam supermercados e, muito menos, hipermercados. Existiam já alguns minimercados, que eram uma grande novidade na nossa capital!

Lembro-me de vários produtos "made in Portugal",
tais como a margarina "Vaqueiro" e a margarina"Chefe". As crianças não dispensavam a "Farinha Amparo" ou a "Farinha 33" ao pequeno almoço.







As salsichas "Izidoro" e "Aveirense" faziam a sua aparição e consumia-se o atum "Bom Petisco". O Estado Novo, na sua febre de poupança, apelava ao consumo de massa em grande escala. Uma publicidade da rádio, tipo institucional, pois não se referia a nenhuma marca em particular, dizia: "Se tens traça, come massa, que fica quase de graça".


Nas mesas nunca faltava uma garrafa de vinho, sendo as marcas fornecidas pelas adegas de Abel Pereira da Fonseca, talvez as mais apadrinhadas pelo Estado Novo


Os detergentes começavam a destronar o sabão azul e branco, na lavagem da roupa. Porém, poucas casas possuiam máquina de lavar. Surgiram primeiro as marcas de origem estrangeira, como o "Omo" e o "Tide", esta última com uma publicidade na rádio, que dizia "Tide a lavar e Você a descansar!". Pouco tempo depois, surge o detergente nacional "Det", cujo nome, bastante naïve, provém das primeiras letras da palavra "detergente".


A marca nacional de sabonetes era o "Feno de Portugal", fabricado no Porto, pela fábrica Ach. Brito e que rivalizava com o "Lux", utilizado por "nove de cada dez estrelas", como dizia a publicidade radiofónica. Existiam duas marcas nacionais de pasta dentífrica: "Couraça" e "Couto".



Os Passatempos:

Não existiam "playstations" nem outros jogos de computador. Além da televisão, da rádio e dos pequenos leitores de cassettes, que faziam a sua aparição no mercado, os mais velhos deleitavam-se com as pistas de automóveis "Scalectrix" e as redes ferroviárias em miniatura "Märklin" ou "Lima". Os acessórios eram adquiridos aos poucos (tal como ainda hoje) e, a partir de uma simples oval, construía-se uma autêntica rede ferroviária, onde a vida real era rigorosamente transferida para uma cidade à escala. Os mais pequenos tinham à disposição uma profusão de brinquedos, nacionais e estrangeiros, que também imitavam a vida real, motivando as crianças a coleccionar, a diferenciar, a conhecer e a utilizar, por exemplo, os vários tipos de automóveis, camiões, autocarros e outros veículos que fazem parte do nosso quotidiano, em vez de, como na actualidade, os brinquedos serem meras peças de ficção, totalmente desgarradas da realidade, com os quais se pode brincar, mas dos quais pouco se pode extraír de didático. Mas voltando ao antigamente, quem não se lembra dos carrinhos da "Matchbox", ou a uma escala maior, os "Corgi Toys"? Quem nunca brincou com um "double decker" londrino "rear entrance" da "Dinky Toys"?
Quanto aos brinquedos nacionais, havia os modelos de plástico da marca "Osul", a escalas grandes, que davam para brincar pela casa toda, com automóveis com interiores ou grandes autocarros que davam para estabelecer linhas imaginárias da sala para a cozinha, com paragens e tudo! Existiam também os brinquedos de madeira, nomeadamente grandes camiões e eléctricos, vendidos nos já desaparecidos Armazéns do Grandella e brinquedos de lata, feitos numa fábrica de Ermesinde, arredores do Porto, que resurgiram agora a preços exorbitantes. Nessa época, enquanto brincávamos, aprendíamos os problemas da vida quotidiana e do mundo que nos rodeava, pois cada brinquedo imitava um modelo real.

E assim, recordámos neste post as marcas que povoaram a nossa infância.







terça-feira, 27 de outubro de 2009

UM DOS MEUS HOBBIES PREFERIDOS

Preparo-me para conduzir esta automotora (NOHAB-1948) (9 Fevereiro 1996)
Já na cabina de condução a aguardar autorização de partida

A partida para mais uma viagem Torre das Vargens - Portalegre (linha de Leste)
Aos comandos da automotora em plena via




sábado, 24 de outubro de 2009

Há já muitos e longos anos que sói dizer-se que "Homem que fala duas línguas, vale por dois!". Infelizmente, em Portugal, os nossos sucessivos governantes ainda não tomaram esse ditado ou espécie de provérbio à letra. Até agora tem-se priveligiado, quase exclusivamente, a aprendizagem do inglês, que já pode ser aprendido desde tenra idade. Claro que essa medida é de indiscutível interesse, pois que o inglês é indubitavelmente a língua mais importante do mundo.
A partir de 1945, com a vitória dos países aliados na Segunda Grande Guerra e com a ascensão dos Estados Unidos da América como a grande potência mundial e com a ascensão e/ou independência de vários estados do antigo império britânico, agora transformados em potências regionais, o inglês foi destronando progressivamente o francês, que até então era a língua franca por excelência. Para tal também contribuiu a própria estrutura da língua inglesa, extremamente simples, comparada com a do francês ou com a de qualquer língua europeia. As línguas latinas são muito complicadas, com estruturas gramaticais arcaicas e as eslavas ainda mais arcaicas são. Apenas as três línguas germânicas da Escandinávia (sueco, dinamarquês e norueguês) possuem estruturas gramaticais tão ou quase tão simples como a do inglês, mas essas línguas, embora faladas por países bastante mais prósperos do que o Reino Unido e com uma qualidade de vida muito superior à dos Estados Unidos da América, continuam a constituir três pequenos "nichos" com poucos milhões de falantes. O alemão e o holandês também possuem estruturas um tanto ou quanto complicadas. Assim o inglês pode continuar a sua via hegemónica, sem ter um rival à altura.
Porém, nós pertencemos a uma região geopolítica muito específica, uma união económica de 27 países, onde são faladas 22 línguas nacionais oficiais e várias línguas regionais. A União Europeia aconselha, por isso, a que os seus cidadãos falem três ou quatro línguas.
E entre nós? Além do inglês, que é um instrumento de trabalho incontornável, mas já não uma mais-valia, porque é falado melhor ou pior pela maioria, que outras línguas podemos aprender no nível secundário?
O alemão, que é a língua mais falada na Europa a que nós pertencemos, falada pelos países mais ricos, entre os quais pelo "motor" da União Europeia, tem tido uma procura decrescente, bem como o francês, devido em parte a uma má política dos responsáveis pela educação a vários níveis. Esse vazio está a ser preenchido pelo espanhol (castelhano), somente falado em Espanha, assim como o finlandês é somente falado na Finlândia! Porque não aprendê-lo também!? Muitos recordar-me-ão da existência dos países da América Latina. Mas será que eles têm assim tanta importância económica para nós como a Alemanha ou a França? Não creio!
É claro que devemos aprender o maior número possível de línguas. Mas devemos "hierarquizar" essa aprendizagem: O inglês em todo o percurso escolar, o alemão e o francês a iniciar obrigatoriamente no ciclo e no 10º ano. E então uma quarta língua opcional, a escolher talvez entre o espanhol, o russo e o holandês (ou uma língua da Escandinávia) num nível de ensino a determinar. Só assim poderemos formar verdadeiros "eurocidadãos".